O excelente momento do Uruguai não foi páreo para a surpreendente
campanha da Venezuela nas eliminatórias sul-americanas para a Copa do
Mundo de 2014. Após vencer a Argentina na segunda rodada, a seleção
"viñotinto" provou mais uma vez que não é mais um "saco de pancadas"
como outrora e pode, sim, brigar por uma inédita vaga na Copa do Mundo.
Em um Centenário abarrotado de uruguaios, os venezuelanos arrancaram o
empate em 1 a 1, na tarde deste sábado, e se mantiveram na cola do
Uruguai, que perdeu a liderança para a Argentina.
Apesar de ruim, o empate aumentou ainda mais a invencibilidade dos
uruguaios, que não perdem há 16 jogos. Diego Forlán, alvo de especulação
de clubes brasileiros, fez o gol dos anfitriões. Rondón, aos 38 minutos
do segundo tempo, deixou tudo igual.
Com o resultado, o Uruguai chegou a oito pontos, dois a menos do que a
Argentina, que um jogo a mais. Com a mesma pontuação, a Venezuela caiu
para a terceira colocação, sendo ultrapassada pelo Chile, que chegou a
nove.
Gol de Forlán deu a impressão de que o Uruguai teria uma vitória fácil (Foto: Reuters)
Estádio cheio. Jogo morno
Apesar do estádio lotado, a partida começou morna. Como era de se
esperar, o Uruguai tomou a iniciativa, mas encontrava dificuldades para
levar perigo ao gol de Venezuela. Mesmo com Diego Forlán, Luis Suárez e
Cavani – trio ofensivo que encantou na última Copa América – a Celeste
pouco criou pelo chão e apostou nas jogadas aéreas em praticamente toda a
primeira etapa.
De tanto insistir em cruzamentos, o Uruguai achou seu gol aos 37
minutos. Da esquerda, Álvaro Pereira acertou um passe primoroso para
Forlán. O camisa 10 saiu de trás da defesa, apareceu livre na área e
teve apenas o trabalho de tirar de canhota do goleiro Vega.
O gol animou os uruguaios, que tiveram outras duas boas chances de
ampliar o placar ainda na primeira etapa. Primeiro, Suárez, em posição
irregular, cabeceou rente à trave. Em seguida, Forlán tabelou com o
atacante do Liverpool e chutou cruzado para a boa defesa de Vega.
Acuada, a Venezuela, que antes só ameaçava em chutes de longa
distância, recuou e se deu por contente por ir para o intervalo perdendo
por apenas um gol.
Jogo quente, mas de poucas chances
Sem alterações nas duas equipes, o segundo tempo começou como terminou o
primeiro: pressão do Uruguai nas jogadas de bola aérea. Logo aos cinco
minutos, Forlán levantou na área em cobrança de falta, e Lugano mandou
um petardo de cabeça no canto. Vega voou e evitou o gol. Cavani ainda
tentou no rebote, mas o goleiro venezuelano operou um novo milagre.
Suárez não esteve em tarde inspirada no Centenário (Foto: Reuters)
Foi a senha para o técnico da Venezuela, César Farias, deicdir ousar.
Trocou o meia Frank Feltscher pelo atacante Miku. Enfim, os venezuelanos
resolveram atacar. E levaram perigo. Primeiro numa cabeçada de Rondón, e
em seguida em jogada individual de Seijas, o time “viñotinto” esteve
muito perto do empate. A igualdade já não parecia algo tão impossível
para os venezuelanos
E o jogo esquentou. Com disputas duras, ocasionalmente até desleais, as
duas seleções não pouparam nas faltas. Em uma delas, os uruguaios
cobraram a expulsão de Rincón, que já tinha amarelo. O árbitro paraguaio
Antonio Arias, que distribuiu seis cartões apenas na etapa derradeira,
advertiu verbalmente o venezuelano.
Quando o jogo se encaminhava para uma vitória uruguaia, a Venezuela
surpreendeu e buscou o empate, aos 38 minutos. Após cruzamento da
esquerda, Rondón subiu livre para cabecear. A bola ainda desviou em
Godín e enganou o goleiro Muslera. Silêncio no Centenário.
No desespero, Oscar Tabarez ainda colocou Loco Abreu em campo. No
entanto, não havia mais tempo e, após os argentinos, foi a vez dos
uruguaios aprenderam dos venezuelanos que não existe mais bobo no
futebol.